O local é uma pérola da espiritualidade e da cultura
Por: Redação Circuito Turístico/Silvia Zarbato
Orleans, uma encantadora cidade catarinense, guarda um tesouro à vista de todos os seus moradores e visitantes do mundo todo que podem testemunhar uma joia única e espiritual, o Paredão Zé Diabo, um impressionante monumento ao ar livre adornado com esculturas sagradas esculpidas à mão, retratando passagens tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.
O Paredão Zé Diabo, com seus 170 metros de comprimento, é uma conquista singular na América Latina. Essa majestosa obra de arte ao ar livre foi trazida à vida pelo talentoso artista autodidata orleanense, José Fernandes, carinhosamente conhecido como Zé Diabo, que faleceu em agosto de 2017.
As fortes e constantes chuvas deste mês de outubro não afetaram o Paredão do Zé Diabo. A rua que dá acesso ao Paredão foi temporariamente trancada devido a um pequeno deslizamento ocorrido entre a estrada e o rio. “Hoje à tarde, dia 25, estivemos dando uma olhada, e a equipe de infraestrutura irá construir uma barreira de contenção. No entanto, amanhã ela deve ser liberada para o tráfego. Está sendo considerada a possibilidade de permitir apenas veículos de porte pequeno”, informou o coordenador da Proteção e Defesa Civil, Edson Kestring.
Esculturas do Paredão
Situadas à margem esquerda do rio Tubarão, na rua Etienne Stawiarski, centro da cidade de Orleans, as “Obras do Paredão” como popularmente ficaram conhecidas as “Esculturas do Paredão”. Foi a Fundação Educacional Barriga Verde (FEBAVE) que elaborou o projeto inicial e deu início à busca por recursos para a criação do Paredão Esculpido, localizado em Orleans. O escultor José Fernandes, também conhecido como “Zé Diabo”, começou seu trabalho no dia 06 de junho de 1980, produzindo dois ensaios na entrada Leste do paredão. Estes ensaios foram o resultado das extensas escavações realizadas durante a construção da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, na parte Oeste da cidade de Orleans. Valdirene Dorigon, diretora do Museu e responsável pelo Paredão, destaca a significativa contribuição da FEBAVE na concepção inicial e busca por recursos para este notável marco artístico e cultural.
Os painéis, em número de nove (9), esculpidos em rocha arenito em baixo relevo retratam motivos bíblicos e se constituem dos seguintes motivos: Primeira Missa no Brasil; catequese dos índios com Pe. José de Anchieta; Criação do homem; Sacrifício de Abraão; Passagem do Mar Vermelho; Templo do Rei Salomão; Dois últimos profetas do Antigo Testamento; Anunciação e Nascimento de Cristo. “Além disso, demonstram algumas das habilidades artísticas locais e fazem parte do importante acervo artístico, cultural e turístico da cidade de Orleans”, informou Valdirene.
Valdirene frisa que para o município, essas obras têm grande significado, uma vez que se destacam como pontos turísticos de destaque em Orleans. “Junto com o Museu ao Ar Livre Princesa Isabel e a Janela Furada, elas atraem a atenção de visitantes e turistas. Poucas obras desse tipo e magnitude são encontradas na região, o que aumenta ainda mais o interesse de quem as visita”, declara a diretora.
Ao contrário de muitos pontos turísticos, as “Obras do Paredão” não mantêm um registro oficial do número de visitantes. O local é uma rua pública e, portanto, está acessível a todos, a qualquer hora, tornando desafiador estimar com precisão a quantidade de pessoas que param para admirar essa incrível expressão artística.
Embora a quantidade exata de visitações permaneça um mistério porque está localizado a céu aberto, uma coisa é certa: o Paredão Esculpidas de Orleans é uma parte valiosa do patrimônio cultural e turístico da cidade e continuará a encantar e surpreender aqueles que o exploram.
“Apesar da falta de dados sobre o número de visitantes, a preservação e conservação dessas obras é fundamental para manter a beleza e integridade das esculturas ao longo do tempo”, conta Valdirene Dorigon. Anualmente, uma equipe da Fundação Educacional Barriga Verde (Febave) em colaboração com a Prefeitura de Orleans realiza um importante trabalho nesse sentido. Eles se dedicam a preservar e conservar as esculturas, cuidando da contenção de líquens, musgos e árvores que possam afetar a integridade dessas obras de arte.
Painéis que foram esculpidos
1-Primeira Missa no Brasil: duas caravelas, uma figura indígena, dois personagens portugueses, uma arca, um altar, uma cruz e o personagem Frei Henrique de Coimbra, na celebração da Missa. Dimensões: 3,00x 4,00metros (9m²).
2-Catequese dos índios: representação da catequese dos índios, com a figura do Padre Anchieta, cinco índios e uma cruz. Dimensões: 3,00x 4,00metros (9m²).
3-Criação do Homem: figuras de Adão, Eva e o Pai Eterno ao alto. Dimensões: 3,00x 4,00metros (9m²).
4-Sacrifício de Abraão: figuras de Abraão, Isaac, um anjo, um cordeiro e o altar do Sacrifício de Abraão. Dimensões: 3,50×3, 00 metros (10,50m²).
5-Passagem do Mar Vermelho: Figura de Moisés conduzindo o povo Hebreu pelas terras do Faraó. Apresenta 16 figuras, destas 09 atingem altura aproximada de 3,50 metros e as demais em média 2 metros. No primeiro plano esculpido Moisés com seu povo, após a travessia do Mar Vermelho, em segundo plano retratados os soldados do Faraó, cavalos, escudos e armas. Dimensão: 5,00x 10,00metros (50m²).
6-Templo de Rei Salomão: representa o transporte da Arca da Aliança pelos sacerdotes e o Rei Salomão, ajoelhado diante do templo. Dimensão: 50m².
7-Dois últimos Profetas do Antigo Testamento: representa os dois últimos profetas, Isaias e Malaquias, período de transição para o Novo Testamento. Dimensões: 4,00x 5,00 metros (20m²).
8-Anunciação: momento que o anjo anunciou a Maria o “fruto do Vosso Ventre Jesus”. Dimensões: 4,00x 5,00 metros (20m²).
9-Nacimento de Cristo: além das obras inacabadas que representam o nascimento de Cristo, seriam esculpidos os Reis Magos.