Baleias-francas chegam mais cedo nas praias do litoral de Santa Catarina
Por: Redação Circuito Turístico/Silvia Zarbato
A tão esperada temporada das baleias-francas já chegou em Santa Catarina. Este ano, este mamífero apareceu nas águas dos mares do litoral mais cedo, em junho. Normalmente, elas aparecem por aqui de julho a novembro, período usado como berçário para parir e amamentar seus filhotes.
A região do litoral centro-sul de Santa Catarina é uma área de concentração reprodutiva, onde as fêmeas chegam grávidas para o nascimento dos filhotes. Quando os filhotes nascem, elas permanecem por dois a três meses cuidando do filhote, amamentando para que ele cresça e fique forte para aguentar a viagem de volta para a Antártida. Segundo os estudiosos, tudo indica que este animal marinho escolheu o litoral catarinense em função da presença de enseada, águas mais calmas e quentes (porque na Antártida a água é congelante nesta época do ano) e dificultaria a sobrevivência do filhote.
Além da importância turística das baleias para a região sul catarinense, a diretora de pesquisa do Pró-Franca, Karina Groch, disse que, é muito importante ressaltar que as baleias francas, elas são e atuam de certa forma, como engenheiras, ecossistêmicas, “ porque a vinda delas para cá acaba contribuindo para riqueza de nutrientes nos oceanos”, explica.
A temporada reprodutiva das baleias da espécie franca começa em julho. Mas este ano, houve uma mudança. Elas chegaram um mês mais cedo. Foi registrado pelo órgão Pró Franca que no dia 13 de junho, foram as primeiras avistagens confirmadas na região, e desde então, tem tido um número cada vez maior de baleias chegando na região sul para o nascimento dos filhotes. Foi realizado um levantamento de contagem ao longo de algumas enseadas (entre Palhoça e Laguna.), onde pelo menos 51 baleias- franca foram avistadas.
Segundo Karina Groch, em 2021, as baleias também chegaram um pouco mais cedo e na temporada do ano passado, em setembro, um total de 120 baleias-franca foram avistadas nas praias do litoral catarinense. “A nossa expectativa para este ano é que venha mais ou menos o mesmo número, e tomara que seja mais que isso. Estamos esperando o desenrolar da temporada para saber. Mas a chegada delas mais cedo em 2022, é um dos indicativos de que pode ser uma temporada tão boa quanto a do ano passado, ou talvez até melhor”, afirma a diretora.
Este levantamento que apontou 51 baleias até o momento nas águas catarinenses, foi feito há 2 semanas , considerando que a temporada das baleias franca atinge o pico de ocorrência em setembro. “É possível que tenhamos mais baleias na região”, explica. O pico da temporada é em setembro e neste período um sobrevoo vai ser realizado em toda a região do litoral catarinense para a contagem da espécie.
A sede do Pró Franca, que fica localizado na praia de Itapirubá, em Imbituba/SC está recebendo 13 estagiários, vindos de cinco estados brasileiros. Eles veem em busca de conhecimento, onde estudam sobre a baleias-franca, atuando na recepção do turista no centro de visitantes, realizando atividades de educação ambiental e participando do monitoramento de todo o trabalho que é feito durante o período que o cetáceo está presente nas águas calmas do litoral catarinense.
São estudantes de biologia e áreas afins que estão tendo uma experiência única/ formação profissional e de vida. Os estagiários segundo informações da diretora de pesquisa do Pró-Franca, Karina Groch, já foram distribuídos ao longo da orla para que o trabalho de monitoramento seja realizado. Os estagiários foram distribuídos em 10 pontos, entre eles na praia da Pinheira na Guarda do Embaú, Gamboa, Garopaba, na praia central de Garopaba, praia do Siriú, em Imbituba,na vem a Praia do Rosa, praia da Ribanceira, Ibiraquera, enseada da Ribanceira, praia da Vila, Itapirubá, Laguna, região central de Laguna, nas praias do centro de Laguna e o cabo de Santa Marta e praias do Farol de Santa.
Trade Turístico
A vinda deste mamífero atrai milhares de turistas para o litoral sul e o trade turístico está otimista com mais esta temporada. Para o diretor de marketing da JJ Hotels Group, Felipe Bertoluci, de Garopaba/SC, a vinda das baleias-franca é um chamariz para as pousadas do grupo no inverno. “É um período muito importante e faz com que o turista venha também nesta estação. As expectativas são as melhores. Estamos com boas vibrações. No ano passado, houve bastante procura justamente por este tipo de visitação, por este motivo, estamos ampliando nossas parcerias para que possamos oferecer serviços nesta área (avistagens terrestres, já que é proibido o passeio de barcos), que os hóspedes, possam de maneira ordenada, vê-las de uma maneira mais consciente e segura, de forma que não prejudique o animal e o turista saia satisfeito com a avistagem “, disse Bertoluci.
Em Itapirubá/Imbituba, os proprietários de pousadas, também estão otimistas com a chegada deste mamífero, embora boa parte dos visitantes sejam da região. Quando era permitido utilizar embarcações para observar as baleias em alto mar, a procura era maior pelos turistas de fora do estado. Segundo a proprietária da Pousada Recanto das Baleias, Darcionet Favarin, o turismo dos últimos anos foi local e regional. “Mas este ano, esperamos receber mais turistas na nossa cidade que veem em busca das baleias. É um espetáculo lindo”, afirma a empresária.
Outro setor que está otimista com a temporada de baleias, é o gastronômico, já que as cidades recebem turistas e moradores da região. De acordo com o proprietário do Zanoni Restaurante Marcelo Zanoni, em Garopaba/SC, a chegada da Baleia Franca agita os restaurantes da cidade. “ A vinda deste mamífero vem a somar e durante este período de avistagens , os finais de semana serão sempre movimentados. Além disso, outro diferencial que temos em Garopaba, é a realização da nona edição do Festival Gastronômico Garopaba Sabor até o dia 28 deste mês. Estas duas atrações juntas, vão intensificar a vinda de turistas e visitantes para a cidade”, declara Zanoni.
Pesca da Baleia
Segundo dados do site da Prefeitura Municipal de Imbituba, as atividades da pesca da baleia foram deflagradas no sul do Estado, por determinação do Marquês de Pombal, no ano de 1796. Em seu retorno ao Rio de Janeiro, após inspecionar os trabalhos de colonização em Imbituba, no ano de 1715, o Capitão Manoel Gonçalves de Aguiar havia recomendado ao Governador, a instalação de armação para a pescaria baleeira.
A armação em Imbituba, a quarta do Brasil, foi fundada em 1796 por Pedro Quintela e João Ferreira Sola, os quais pagavam uma taxa de exploração à Coroa Real. Os lucros eram compensadores. Baleias de grande porte eram arpoadas quase semanalmente e rebocadas para os barracões, onde se procedia o retalhamento e retirava-se a gordura para derreter em grandes caldeiras.
O azeite apurado tinha dupla utilidade: era usado para iluminação pública das poucas cidades brasileiras, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo; utilizava-se também na argamassa destinada às construções de fortalezas e edifícios, oferecendo-lhes resistência semelhante ao cimento, inexistente na época.
A descoberta do petróleo americano, ente 1867 a 1870, com a consequente fabricação do querosene, constituiu-se no principal motivo da decadência da pesca da baleia, pois o azeite já não mais interessava para a iluminação pública das poucas cidades brasileiras.
Outro fator de primordial importância foi o início da fabricação do cimento Portland, pois como se sabe, o azeite era aplicado à argamassa, para dar mais consistência às edificações de fortalezas e prédios. O querosene produzia iluminação superior àquela derivada do azeite e o cimento oferecia mais resistência à argamassa.
A pesca da baleia extinguiu-se completamente em 1829.
Foto: Israel Costa